654.l
*
(
RESULTADOS DE UMA CONFÊNCIA INTERDISCIPLINAR)
Eu poderia dizer que apreciei tudo nesta Conferência. O único ponto negativo para mim é que devo recapitular seus resultados sob o ponto de vista lingüístico.
Poderia começar por dizer que a Conferência foi extremamente bem sucedida. Mas como estudei a teoria da comunicação, sei que um enunciado só contém informação no caso de uma situação de escolha binária: nunca se ouvirá dizer que a Conferência não foi bem sucedida.
Gostaria de apresentar todos os result ados lingüísticos desta Conferência tal como os vejo. É claro que os interpretarei e não serei uma máquina de tradução que, como o mostrou de modo excelente nosso amigo Y. Bar
-
Hillel, não compreende e por conseguinte traduz literalmente. Desde que haja int erpretação, emerge o princípio da complementaridade, promovendo a interação do instrumento de observação e da coisa observada. Tentarei, no entanto, ser o mais objetivo possível.
Qual é, na minha opinião, o resultado mais importante desta Conferência? O qu e mais me impressionou? Antes de tudo, a unanimidade. Houve espantosa unanimidade. [pág.
15]
É claro que quando falo de unanimidade, não quero dizer uniformidade. Era como se fosse uma estrutura polifônica. Cada um de nós aqui
—
posso dizer
—
emitia uma not a diferente, mas éramos todos como tantas variantes de um mesmo e único fonema.
Evidentemente, o fato mais sintomático foi a nítida liquidação de qualquer espécie de isolacionanismo, esse isolacionanismo que é tão odioso na vida científica quanto na vida p olítica. Quantos slogans não houve que opunham a Lingüística à
Antropologia, a Lingüística do Hemisfério Ocidental à do Hemisfério Oriental, a
Análise Formal à Semântica, a Lingüística Descritiva à Lingüística Histórica, o
Mecanismo ao Mentalismo e assim p or diante. Isto não quer dizer que recusemos a importância da especialização, a necessidade