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CONFISSÕES DE UMA VELHA SENHORA

Por Aloisio Villar

(Rio de Janeiro, RJ)
(2014)

PERSONAGEM

ZONAIDE

ÉPOCA: ATUAL; LUGAR DO MONÓLOGO: RIO DE JANEIRO.
(Zonaide entra com uma vassoura no meio do público varrendo)

ZONAIDE – Da licença, da licença, levante o pé (faz plateia levantar o pé) da licença, da licença..menino você ta com chulé, já tem aerosol que controla isso, da licença, da licença..mas que inferno, sempre que quero varrer aparece gente e o tempo ta esquisito, parece que vai chover, da licença, da licença..

(para de varrer e vai para o palco)

ZONAIDE – Hoje é dia de receber visita eu quase não recebo visitas por isso é tão especial, tenho que varrer né? A Zulmira ta la dentro fazendo um café, tão servidos? To fazendo um bolo de fubá também que é daqui (mexe na orelha) já era pra vocês sentirem o cheiro, mas o chulezento ali empesteou o ambiente.

(Zonaide senta)

ZONAIDE – Pra começar, meu nome é Zonaide. Deixe-me apresentar já que vocês não me conhecem, tudo bem eu também não conheço a maioria de vocês. Digo a maioria porque alguns de vocês eu me lembro lá do gala gay do Scala, ah se eu lembro..Lembro de você lá chulezento, mas lá não era sua meia que fedia, era a cueca mesmo. Bons tempos..Era uma putaria só, ninguém era de ninguém, uma cerveja, uma marchinha e uma chupada, não necessariamente nessa ordem. Uma cerveja, uma marchinha e uma chupada.

(Se levanta e começa a tocar uma marchinha. Da uma sambadinha fingindo estar com um copo na mão e fazendo oral e segurando pinto com a outra)

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ZONAIDE – Era uma maravilha, uma putaria só. Pega na minha que eu pego na tua, ai que saudade. Vocês devem estar se perguntando como uma velha senhora, tão distinta quanto eu poderia estar no gala gay. Eu respondo.

(Tira a peruca)

ZONAIDE (engrossando a voz) – Porque eu sou é homem.

(Começa a tocar a música do Ney Matogrosso. Ela desce e puxa pessoas pra dançarem junto, senta no colo de um e volta