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5414 palavras 22 páginas
Cadernos de Literatura em Tradução, n. 7, p. 165-199

Sylvia Plath: quatro “poemas-porrada”

Marina Della Valle

“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.”
Apocalipse, cap. 3, vers. 15/16

Seria cansativo dedicar muito desta introdução especulando os motivos do contínuo interesse pela obra da poeta americana
Sylvia Plath (1932-1963). Sabemos tudo: de sua história de amor e de abandono com o poeta inglês Ted Hughes (1930-1998) e seu subseqüente suicídio, tema do filme “Sylvia: Paixão Além das
Palavras” (“Sylvia”, dir. de Christine Jeffs, 2003); que grupos feministas tomaram sua imagem como o símbolo de uma mulher oprimida pelo tempo em que viveu, corajosa ao expor o inconfessável.
A revelação gradual de documentos como cartas, trechos de diários e anotações sobre poemas e a publicação de diversas biografias se encarregaram de manter o fluxo de artigos e ensaios sobre sua obra e alimentaram uma curiosidade por demais aguçada sobre detalhes e segredos de sua vida ao longo dos anos. Seu fantasma continua onipresente, nos visitando “com amorosa regularidade”, assim como as insatisfações em seu poema “The Rival”.
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VALLE, Marina Della. Sylvia Plath: quatro “poemas-porrada”

Esse interesse teve e tem seu reflexo em uma variedade de traduções. O Brasil produziu um bom número delas – o romance
“The Bell Jar” (1963), por exemplo, teve três: de Maria Luíza Nogueira (“A Redoma de Cristal”, ed. Artenova, 1971), de Lya Luft
(“A Redoma de Vidro”, ed. Globo, 1992) e de Beatriz Horta (“A
Redoma de Vidro”, ed. Record, 1999). Novas traduções de seus poemas continuam aparecendo, fazendo conjunto com trabalhos já bem conhecidos – cito aqui, em nome da brevidade, apenas as traduções com que tive mais contato: as de Ana Cristina Cesar e
Ana Cândida Perez (“Escritos da Inglaterra”, ed. Brasiliense, 1988), as de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça

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