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O Pós-Consenso de Washington: a globalização e o desenvolvimento revisitados* Eli Diniz*
Em relação ao ano de 2002, as eleições presidenciais de 2006 realizam-se num momento particularmente favorável a uma revisão de paradigmas para pensar os desafios contemporâneos dos países latino-americanos em geral e do Brasil em particular. Mais especificamente, as condições externas apresentam-se extremamente favoráveis para a retomada de um debate mais profundo e profícuo em torno de estratégias alternativas de desenvolvimento, bem como acerca do papel do Estado na condução de um processo de crescimento sustentado, acompanhado da sempre tão almejada, mas tão postergada redução da concentração da renda no país. E isto é verdadeiro tanto do ponto de vista da conjuntura econômica, quanto das condições políticas e intelectuais.
Consideremos, em primeiro lugar, os aspectos econômicos. Como ressaltam diversos analistas e observadores do cenário externo, a partir de 2002 e até pelo menos fins de abril de 2006, como não ocorria há várias décadas, a economia internacional vinha se comportando de modo excepcionalmente favorável. Tal desempenho traduziu-se pelo vigor do comércio internacional, pela expansão continuada das exportações, pela elevação crescente dos preços das mercadorias e pelo equilíbrio relativo dos movimentos de capitais.
Assim, o relatório semestral do FMI, divulgado naquele período, pôs em destaque as elevadas taxas de crescimento alcançadas por diferentes regiões do mundo sem aumento das pressões inflacionárias1. Em 2005, por exemplo, a economia mundial cresceu 4,8%, enquanto os países emergentes e em desenvolvimento cresceram 7,2% (excluindo, segundo a classificação adotada pelo FMI, Coréia do Sul, Israel e Cingapura). Em contraste, o Brasil teve um crescimento de apenas 2,3%. Entre 1998-2007, segundo o referido relatório (que inclui as projeções para 2006 e 2007), a economia mundial registra, em média, a expansão de 4,1% ao ano, os países emergentes e em

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