200145697

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A última vez em que discuti o assunto das cotas raciais foi há pouco mais de um mês. Almoçava com outros 10 jovens brasileiros que, como eu, estão na Itália fazendo um intercâmbio universitário de graduação. Quase todos, também como eu, vindos de universidades públicas. Porém, ao contrário de mim, todos brancos.
Assustei-me ao perceber que minha posição favorável às cotas raciais era minoritária naquele grupo - somente eu e um outro colega éramos a favor da política.
Os outros, por sua vez,afirmavam que o único problema do acesso à educação em nosso país seria a desigualdade econômica, não o racismo, e que as políticas de inclusão social seriam suficientes para sanar a questão. Afirmavam que qualquer iniciativa voltada à inclusão racial acabaria por criar um “racismo ao contrário”, “favorecendo” os estudantes negros em detrimento dos estudantes brancos que também tenham passado por escolas públicas.
Eu tentei explicar meu ponto de vista de inúmeras formas. A contradição, para mim, era clara, e se refletia mesmo ali, na mesa em que almoçávamos: dentre 11 intercambistas brasileiros, apenas 1 era negro (no caso, eu).
Nenhuma das minhas argumentações surtiu efeito, mas fiquei feliz de, ao menos, ter colocado o assunto em discussão.
Poucos dias após aquele almoço, mais especificamente há três semanas, a Folha de São Paulo publicou uma matéria na qual informa dados estarrecedores acerca da presença de negros nos cursos de graduação daquela que é considerada a melhor universidade do Brasil: a USP.
Os dados são os seguintes: num universo de 774 alunos matriculados nos dez cursos mais concorridos, apenas 4 são negros. Ou seja, 0,5% dos alunos, num país em que negros e pardos representam 50,7% da população, segundo os dados oficiais.
Como esclarecido pelo jornal:
“A USP hoje dá bônus no vestibular para estudantes de escolas públicas, mas não existe um benefício específico para pretos, pardos ou indígenas. Uma ampliação da política está em estudo”.
Tais números

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