20 03 18
Júlio Cesar Martins Monte e Oscar Fernando Pavâo dos Santos
Disciplina de Nefrologia, UNIFESP-EPM
Endereço para correspondência: Julio Cesar Martins Monte
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04023-062 São Paulo SP
Tel.: (011) 574-6300 Fax (011) 573-9652
Introdução
Doença hepática grave pode acarretar anormalidades funcionais no rim, variando desde um estado de retenção hidrossalina até um quadro de azotemia franca. Embora Austin Flint 1 tenha reconhecido uma associação entre cirrose descompensada e oligúria em 1863, somente acerca de 50 anos introduziu-se o termo síndrome hepatorrenal (SHR). A SHR é definida como a ocorrência de insuficiência renal oligúrica, sem qualquer causa aparente, em pacientes com doença hepática grave. É caracterizada por achados clínicos e laboratoriais de intensa hipoperfusão renal: oligúria, sódio urinário baixo, alta osmolaridade urinária e incremento de uréia e creatinina séricas. Nos últimos anos tem-se coletado uma substancial quantidade de informações a respeito dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos na SHR, e há uma ampla investigação na tentativa de se obter medidas que previnam ou mesmo revertam essa grave situação. A associação entre desordens do fígado e rim em uma variedade de condições tem sido amplamente reconhecida. 2 Nefropatia mesangial por IgA é uma entidade cada vez mais prevalente em cirrose alcoólica, na qual imunocomplexos com IgA derivados do intestino têm seus mecanismos de clareamento hepático prejudicados pelo processo de cirrose. Glomerulonefrite por imunocomplexos e crioglobulinemia relacionada ao vírus B estão bem documentadas. Recentemente, similar lesão tem sido associada ao vírus C. 3, 4 Contudo, desordens renais funcionais são mais prevalentes do que anormalidade estruturais.
O caráter funcional da SHR é sugerido por certas evidências:
Ausência de anormalidades morfológicas no rim de pacientes com