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3182 palavras 13 páginas
O autocontrole e os reality shows: o foco numa “terceira natureza”

Letícia Rossignoli
Comunicação e Sociologia II
Universidade Federal Fluminense

Resumo: Este estudo usa da obra de Nobert Elias, “O Processo Civilizador” publicado pela primeira vez em 1939, para relacionar aos reality shows, programas característicos dessa era pós-moderna. O intuito é fazer comparações e ressaltar uma outra abordagem desses programas, que ultrapassem a investigação de uma lógica do espetáculo. A proposta é mostrar a perspectiva civilizadora desse “jogo televisivo” enaltecendo o autocontrole dos participantes que para praticar a contenção das pulsões emocionais são revestidos por uma “terceira natureza”. As competições e as interdependências, no âmbito das relações dentro dos reality shows, mostram um outro lado quanto ao refreamento do automatismo psíquico, ao sentimento de vergonha e ao uso da força física. O exemplo mais utilizado foi o Big Brother Brasil, campo fértil para aproximações com a vida na corte e para analisar os participantes que, a priori, são indivíduos praticantes de um projeto civilizador na vida real, mas que estão sendo observados num ambiente em que Elias não abordou em seus estudos.

Palavas-chave: “autocontrole”, “reality shows”, ‘terceira natureza”, “processo civilizador”

Fazendo um retrocesso histórico percebe-se que as funções sociais no Ocidente, desde o seu período mais remoto, tiveram mudanças. Assim os indivíduos desse tempo, não tinham uma intricada interdependência no nível de relações uns com os outros. Foi sob pressão da competição que as funções sociais dos indivíduos tornaram-se mais entrelaçadas e, portanto, diferenciadas. Ao ponto de que quanto mais diferenciadas se tornavam, maior era o número de pessoas das quais os indivíduos constantemente dependiam em todas suas funções, desde as simples e comuns até as mais complexas. Como Elias diz em seu estudo: “À medida que mais pessoas sintonizavam sua conduta com a de outras, a

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