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3018 palavras 13 páginas
AULA 6 – COERÊNCIA TEXTUAL

Alberto Roiphe

Objetivos:

Ao final desta aula, você deverá se capaz de:

(1) Compreender o conceito de coerência textual;
(2) Diferenciar fatores de coerência, relacionando esse conceito às práticas de leitura e de escrita.

O conceito de coerência textual

Guardá-lo é como tomar veneno e esperar que o outro morra.

Quando se lê a construção acima, os questionamentos que surgem são: O que é que, uma vez guardado, pode ser como tomar veneno e esperar que o outro morra? Afinal, a que se refere o pronome “lo”?
Sem essa informação, a construção não faz sentido.
Quando se tem a informação, no entanto, de que essa construção é atribuída a William Shakespeare, caso o leitor tenha a referência, poderá contextualizá-la, relacionando essa construção à peça Romeu e Julieta, em função do envenenamento que ocorre entre os personagens título. Ainda assim, a que se referiria o pronome “lo”. Não fica claro. E, ainda que o leitor suponha se tratar de ressentimento, de ódio, de vingança ou de outro sentimento qualquer que tenha envolvido os dois personagens, não será possível concluir, pois não existe informação suficiente no que se apresenta escrito. Essa impossibilidade de compreensão ocorre justamente porque o leitor depende de outra parte do mesmo texto para que o trecho possa faça sentido.
Portanto, isoladamente, essa construção seria classificada como incoerente, já que não pode ser compreendida.
Como afirmam Ingedore Koch e Luiz Carlos Travaglia: “o juízo de incoerência não depende apenas do modo como se combinam elementos linguísticos no texto, mas também de conhecimentos prévios sobre o mundo em que o texto se insere, bem como o tipo de texto.” (1998, p.11-12) Para exemplificar ainda a falta de coerência, há outras circunstâncias apontadas pelos autores. Trata-se da contradição entre duas partes de um texto: “Provei dois brigadeiros e um quindim, mas não comi nenhum doce.”, na qual se percebe a impossibilidade da

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