066263691376

1297 palavras 6 páginas
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
FACULDADE DE PEDAGOGIA

A DUPLA FACE DE UM MESMO INTELECTUAL

BRAGANÇA
2013

A separação da cultura científica em relação ao conjunto de outras configurações do saber se dá acompanhada pela transformação do antigo sábio em intelectual moderno, como circunstância Edgar Morin em Para Sair do Século XX (1986). O intelectual, tal como concebemos hoje na ciência, descende de uma tradição muito antiga:a dos sacerdotes-magos, encarregados de anunciar a verdade sagrada, produtores e guardiões dos mitos. Foi na ruptura dessa tradição que se constitui o intelectual moderno, este submete toda verdade sagrada e todo mito a prova de crítica racional. (MORIN, 1986. p. 232)
A parti daí, a ciência se conhecerá como conhecimento distinto superior a todos os outros saberes porque privilegia o que intende por razão, objetividade, verdade e interpretações universais. Assim nasce outro mito: “a razão emancipa o intelectual. Este passa a ser o porta voz da qualidade fundamental e superior do homem-sapiens [...]” (MORIN, op. cit. p. 234)
Essa configuração da ciência favorece e sustenta uma sociedade que naturaliza, justifica ou autoriza a divisão em classes e a exclusão social. Edgar Morin discute a natureza por vezes perversa da consagração dos saberes instituídos, responsáveis pela desigualdade social. Em uma longa nota no livro O Método 4 – na qual expõe os paradoxos do poder e do conhecimento:
[...]o conhecimento é o mais potente produtor de desigualdade, o conhecimento contribui quase sempre com tudo que cria e mantem a desigualdade. Naturalmente, ele não se limita a esse papel e por outro lado contribui para destruir antigas bierarquias, para subverter a ordem estabelecida e desempenha o papel revolucionário [...] (IDEM, 1998. p. 132)
Essa história que se solidifica sob a égide das ciências modernas, não é unitária. Lembra Morin que é justamente no meio das luzes que Jean-Jacques Rousseau descobre a fraqueza da razão e da primazia à

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