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1002 palavras 5 páginas
O "Ensaio sobre a cegueira" é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.
Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".
Tudo começa em um sinal de trânsito. Um homem, à caminho do trabalho, espera pacientemente o sinal ficar verde. Sua espera é interrompida por uma nuvem branca que cobre toda a sua visão. Este é o primeiro cego.
Mais tarde, a Mulher do Primeiro Cego se contamina com sua doença; uma Rapariga - de óculos escuros -, enquanto fazia um programa com um de seus clientes, se vê "dentro de um pote de leite". Um Médico, um Farmacêutico, uma Criança, um Ladrão, um Velho... Pouco a pouco, a "cegueira branca" vai se espalhando pelo mundo, de casa em casa, como um vírus sem controle e sem nenhuma explicação, atingindo pessoas jovens e velhas, brancas e negras, pobres e ricas. A única isenta de tal sofrimento é a Mulher do Médico.
Diante de uma epidemia sem controle, o governo resolve colocar em quarentena todas as pessoas que ficaram cegas, sob condições sub-humanas. Uma vez lá dentro, não há nada a fazer a não ser tentar sobreviver. Para isso, o Primeiro Cego, a Mulher do Primeiro Cego, o Médico, a Mulher do Médico, a Criança, o Velho e a Rapariga se unem e tentam sobreviver em um lugar onde pessoas mais se parecem com animais.

Ali, o ser humano se rebaixa ao nível de um animal irracional. Fazem suas necessidades em qualquer lugar, matam sem saber exatamente o motivo, estupram mulheres

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