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2809 palavras 12 páginas
rança - PGL - [José Paz Rodrigues] Um dos diretores de cinema mais interessantes de toda a filmografia mundial, a respeito da realização de filmes de temática educativa, foi sem dúvida o francês François Truffaut (1932-1984). Da sua autoria já comentei na minha série os filmes “Na idade da inocência” e“Fahrenheit 451”. No futuro hão ter cabida outros dos seus filmes pedagógicos como “Os quatrocentos golpes” e “Beijos roubados”.

O filme que comento hoje, “O menino selvagem” (intitulado no Brasil como “O garoto selvagem”), é um filme esplêndido em todos os sentidos, tanto nos aspetos formais, como nos seus conteúdos, e, sem dúvida alguma, um dos filmes pedagógicos mais extraordinários de quantos se tenham realizado. Uma genial obra-mestra, baseada ademais em factos reais que no seu dia aconteceram numa povoação da França.

Um dos maiores desafios da educação em todos os tempos é a educação de crianças em situação de total ou parcial marginalidade. Ainda é hoje o dia que continuam a aparecer em bastantes países civilizados, crianças que pelo seu abandono, maus tratos, isolamento ou encarceramento, têm todas as caraterísticas das crianças selvagens, já classificadas e estudadas no seu momento pelo sueco Linneo (1707-1778). O interesse de expertos, médicos, psicólogos e pedagogos em socializar estas crianças é um fenómeno comum em todo o mundo. Esta dúvida atormentou sempre os filósofos e outros profissionais preocupados pela condição humana, espertando o interesse desde o século XIX. Para que o homem selvagem não provocasse medo e se convertesse num ser aceitável socialmente falando, foi necessária a intervenção da ficção, a criação de um herói como Tarzan, capaz de conservar a sua humanidade, enquanto desenvolvia ao mesmo tempo um corpo atlético e conseguia os sentidos similares aos dos animais. Truffaut, com este seu filme, em que também faz de ator, interpretando magistralmente o Doutor Itard, que reeduca o menino selvagem protagonista, com estratégias

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