002476662658

812 palavras 4 páginas
O GRANDE MEDO
Georges Lefebvre
Lefebvre, Georges. O Grande Medo de
1789. Rio de Janeiro, Campus, 1979, pp. 191-2.
O Grande Medo nasceu do medo do
"bandido", que por sua vez é explicado pelas circunstâncias econômicas, sociais e políticas da França em 1789.
No antigo regime, a mendicância era uma das chagas dos campos; a partir de 1788, o desemprego e a carestia dos víveres a agravaram.
As inumeráveis agitações provocadas pela penúria aumentaram a desordem. A crise política também ajudava com sua presença, porque superexcitando os ânimos ela fez o povo francês tornar-se turbulento.
No mendigo, no vagabundo, no amotinado viam sempre a figura do
"bandido". O tempo da colheita sempre fora motivo de preocupação: ela se tornou época perigosa; os alarmas locais se multiplicaram.
Quando a colheita começou, o conflito entre o Terceiro Estado e a aristocracia, sustentada pelo poder real, e que, em diversas províncias, já tinha dado às revoltas da fome um caráter social, trans-formou-se de repente em guerra civil. A insurreição parisiense e as medidas de segurança, que deviam, pensavase, expulsar as pessoas sem domicílio da Capital e das grandes cidades, fizeram com que o medo dos bandidos se tornasse geral, enquanto se esperava ansiosamente o golpe que os aristocratas derrotados fariam ao Terceiro Estado para se vingarem dele com a ajuda estrangeira.
Que os bandidos tão anunciados recebessem deles seu soldo, disso não se duvidava mais, e assim a crise econômica e a crise política e social, conjugando seus efeitos, espalharam entre os cidadãos o mesmo terror, o que permitiu a propagação pelo reino de alguns alarmas locais. Mas se o medo dos bandidos foi um fenômeno geral, não foi isso que caracterizou o Grande Medo, e é um erro tê-los confundido. Nessa gênese do Grande Medo, não há nenhum indício de conspiração.
Se o medo ao errante tinha sua razão de ser, o bandido aristocrata era um fantasma. Os revolucionários

Relacionados