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A empresa de doces que fugiu dos principais polos econômicos do país se consolidou no mercado interno e levou um pouquinho do gosto do Brasil para o mundo

“São 17h30 em ponto quando o apito da fábrica ecoa por todo o bairro, anunciando o final de mais uma jornada de trabalho. Os moradores nem estranham mais o ir e vir daquele pessoal todo vestido de branco. Conferem os relógios e prosseguem imperturbáveis em sua rotina. Também não parecem notar o aroma adocicado de chocolate que perfuma as ruas próximas à grande empresa e que insinuam as doces maravilhas que estão sendo feitas atrás daquelas paredes. ‘É o costume’, dizem, diante do estranhamento de algum turista. Mas a aparente indiferença não disfarça a expressão de orgulho que, mesmo sem querer, escapa de todo capixaba diante da fábrica Chocolates Garoto”.

“Nem bem o dia amanheceu e a pequena fábrica já está em plena atividade. Com expressão séria, nada escapa aos olhos azuis de Henrique Meyerfreund. Confere a textura do chocolate, o sabor dos bombons e, na oficina, ajuda o mecânico a regular a máquina, pouco se importando em sujar de graxa as mãos ou manchar de óleo o avental. Satisfeito com o que vê, não disfarça o bom humor, o que logo é notado por seus funcionários. É preciso aproveitar quando o ‘seu’ Henrique está assim para aproximar-se dele e, quem sabe, conseguir um vale, um adiantamento ou mesmo um empréstimo... Não que ele seja em geral inacessível, apesar do ar sempre compenetrado. Ele é justo e ‘generoso até demais’, diria o tesoureiro da fábrica. Mas o fato é que nada alegra mais Henrique do que ver a fábrica funcionando a contento. Nem poderia deixar de ser. A empresa nasceu do sonho e do esforço de Henrique Meyerfreund, um imigrante alemão que, como milhares de outros – italianos, suíços, pomeranos, austríacos –, adotou o Brasil para trabalhar e construir sua vida”.

“Henrique – na verdade, Heinrich – deixou a Alemanha em 1921, com apenas 20 anos de idade. Era de uma família de quatro irmãos.

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